Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Agora, com contrato até 30 de junho, o defensor quer deixar no passado sua pior fase pelo clube, vivida na temporada passada, para sonhar com títulos e deixar encaminhado o retorno ao Morumbi no futuro.
Miranda: A responsabilidade aumentou, porque entro em campo com uma cobrança maior. Se eu acerto, vão dizer que é normal. Se eu erro, dizem que estou com a cabeça no Atlético de Madri. Mas estou concentrado e focado em meu trabalho, procurando fazer o melhor. A resposta é que a torcida vem gritando meu nome nos jogos, e isso me motiva muito.
GE.Net: Ficou com medo de dizerem que você tiraria o pé nas divididas?
Miranda: Era normal até esse pensamento por parte de alguns torcedores e dirigentes, mas quem me conhece e sabe da minha índole não questionou isso. Estou feliz e procurando fazer meu trabalho, que está sendo bem realizado.
GE.Net: Você acha que dirigentes e torcedores não entenderam bem sua decisão?
Miranda: A grande maioria entendeu, mas é normal não agradar a todos. O São Paulo teve várias oportunidades de me vender, mas não fez. E a vida segue, não posso ficar dependendo só de um clube, porque o clube vai ficar para sempre e minha vida chega ao fim. Vou parar de jogar futebol um dia e, por isso, tive que pensar em minha família, a mudança foi necessária.
GE.Net: Você se sentiu um pouco desprestigiado pela demora do São Paulo em tentar renovar?
Miranda: Levando em consideração que fui quatro vezes o melhor zagueiro do país e fui para a seleção brasileira, deveriam ter renovado antes. Mas já passou e meu pensamento agora é ganhar tudo o que eu disputar nestes seis meses. Depois disso, vou pensar no Atlético de Madri.
GE.Net: Algum diretor se mostrou irritado com sua decisão?
Miranda: Não. Eu converso mais com o presidente, que agradeceu ao meu trabalho e falou para eu me empenhar ao máximo aqui, deixando as portas abertas para um possível retorno.
GE.Net: Quando você chegou, em 2006, a torcida criou a expectativa de substituir o Lugano. Como foi encarar aquela pressão?
Miranda: Não vim para substituir, e sim para mostrar meu futebol. Demonstrei ao longo do tempo aqui que meu estilo é totalmente diferente do dele. Ele ficou marcado pelo que conquistou, assim como serei lembrado pelo que ganhei. São dois estilos bem diferentes de jogo. Ouvi muito na época falarem que eu tinha que honrar a camisa do Lugano, mas em momento algum eu disse que vim para substituí-lo. Ele é um estilo mais raçudo, na força e na vontade, enquanto eu sou mais técnico e rápido. E ele conversava mais que eu.
GE.Net: Mas você não é tão tímido. É normal vê-lo brincando bastante com os outros jogadores do elenco durante os treinos.
Miranda: Sou um dos mais velhos do grupo e tenho responsabilidade com a garotada, cobro bastante, mas tem o momento de lazer também, não dá para ser sempre sério. No jogo, quero ganhar e tirar o melhor dos meus companheiros.
GE.Net: O São Paulo joga no dia 29 de junho, contra o Botafogo-RJ, no Morumbi. O que vai passar por sua cabeça neste jogo, um dia antes do fim de seu contrato?
Miranda: Se eu estiver lá, vai ser minha despedida, quem sabe um até logo. Mas vou procurar focar meu trabalho sempre na próxima partida, para conquistar o Paulista e a Copa do Brasil, que são muito importantes para mim.
GE.Net: Mas você pensa em uma despedida especial?
Miranda: Eu espero só ser respeitado, assim como respeitei a entidade. Não estou pensando em nada especial, apenas em receber o respeito pelo que conquistei e fiz pelo clube.
GE.Net: Em algum momento faltou respeito a você no São Paulo?
Miranda: Acho que não, a cobrança é natural e jogador tem que assimilar bem isso, procurar fazer seu melhor.
GE.Net: Seu contrato com o Atlético de Madri começa no dia 1º de julho, mesma data do início da Copa América. Espera atrasar sua ida à Espanha para defender a seleção?
Miranda: É minha meta para estes seis meses, meu projeto é disputar a Copa América. Para isso, vou precisar também do São Paulo, para que chegue às finais dos campeonatos e ganhe. Vou ajudar o São Paulo e também espero ser ajudado para ir à Copa América.
GE.Net: Como você avalia sua chance?
Miranda: Vai depender de meu futebol, vivo hoje um grande momento e estou preparado para voltar à seleção. Se tiver oportunidade, com certeza vou agarrá-la.
GE.Net: Você não é convocado desde que foi expulso contra a Venezuela. Acha que não foi mais chamado por causa daquele cartão vermelho?
Miranda: Logo em seguida já veio a Copa do Mundo e acarretou por eu não ir. Isso prejudicou um pouco. Mas, neste processo de renovação, estou aguardando minha oportunidade para não sair mais.
GE.Net: Mas você acha que teve um ano abaixo de sua média no São Paulo em 2010?
Miranda: Acho que eu poderia ter produzido um pouco mais. A cobrança em cima de mim é diferente, porque você é cobrado por sua capacidade. Mas não foi um ano totalmente triste e já corrigi os erros que cometi. Quero que este ano seja da melhor forma possível. Não dá para apagar o passado, mas sim corrigir o futuro. Não dá para ficar lamentando, é só não errar este ano como no passado.
GE.Net: O cartão vermelho na seleção teve influência na sua fase da temporada passada?
Miranda: O ano passado em si foi um pouco triste para mim. Tive várias perdas e não fui à Copa depois de ter sido expulso em um jogo da seleção. Todo mundo atravessa uma fase negativa e a minha foi no ano passado. Com certeza, esta temporada vai ser melhor. Isso já passou. Mesmo com tudo que ocorreu, fomos a melhor defesa da Libertadores e fui apontado como um dos melhores defensores da competição. Tive uma fase ruim mesmo no Campeonato Brasileiro. (nota da redação: O zagueiro perdeu a irmã em 2010, vítima de ataque cardíaco).
GE.Net: Seu contrato é de três temporadas com o Atlético. Pensa em ficar quanto tempo na Europa?
Miranda: Meu pensamento é de permanecer seis temporadas lá fora. Vou para mostrar meu melhor futebol e ser reconhecido lá da mesma forma que sou aqui dentro. O futebol espanhol é a melhor vitrine da Europa e por isso escolhi o Atlético, que me dará condições de estar entre os melhores.
GE.Net: No domingo, contra o Grêmio-SP, você completa 250 jogos como titular do São Paulo. O que esse número significa para você?
Miranda: É uma marca expressiva, levando em consideração que todos os jogos foram como titular. É sinal que meu trabalho foi bem realizado. Fiquei no banco de reservas logo que cheguei (contra o Santa Cruz) e não entrei naquele jogo, mas nunca fiquei entre os reservas para entrar durante a partida. Depois que entrei, não saí mais da equipe
fonte: gazeta esportiva, spfc.net
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