segunda-feira, 5 de março de 2012

INDEPEDENTE E SÃO PAULO COM ESTRUTURAS BEM DIFERENTES

Clube do Pará será adversário do Tricolor pela Copa do Brasil. LANCENET! mostra dificuldades vividas em Tucuruí

Independente x São Paulo - Estádio 1 (Foto: Gabriel Saraceni)Se a disputa fosse para ver quem tem a melhor estrutura, goleada do São Paulo. Sem esta rivalidade, o Independente, de Tucuruí, cidade localizada a cerca de 400 km de Belém, no Pará, ainda tem esperanças de ao menos levar o confronto da Copa do Brasil para segunda partida. Se sofrer dois ou mais gols de diferença no Mangueirão, nada de outra chance. O primeiro duelo será na quarta-feira.

No domingo a reportagem do LANCENET! esteve pela manhã no Navegantão, estádio da Prefeitura, onde o técnico Valter Lima trabalha seu time para a estreia no torneio. E a estrutura vista mostra a diferença entre os rivais. Hoje a delegação vai de ônibus para Belém, onde treina amanhã. É a primeira vez que um clube do interior do estado conquista uma vaga. 

São Paulo tem uma estrutura monstruosa. A diferença maior não é nem o dia de trabalho, que você se adapta. Mas existe sonho de uma estrutura melhor, em que sai do braçal e a precupação é só o futebol. Aqui temos de dividir e fazer funções que não são nossas - explicou o técnico Valter Lima.

O Indepedente cresceu e um dos fatores foi a qualidade técnica do time e a motivação por receber em dia. Futebol tem de administrar problema. Cada dia se resolve um para acertar a estrutura - completou o comandante.
Chuveiros do vestiário do Navegantão (Foto: Gabriel Saraceni)
A diferença entre São Paulo e Independente começa no elenco. Lucas, por exemplo, recebe cerca de R$ 120 mil. Com este valor o presidente Derley Santos paga todo seu elenco. Gian, que teve passagem por Vasco e categorias de base da Seleção Brasileira, é o mais valorizado. Recebe R$ 8 mil, enquanto Cafu, garoto que é natural da cidade, ganha R$ 1,5 mil. Para cumprir os compromissos o mandatário recebe R$ 104 mil por mês de nove patrocinadores. Por ironia o Sampa não conta com parceiro master. Isso porque briga por ao menos R$ 30 milhões para estampar a camisa.

Onde treina e manda suas partidas há um modesto vestiário, organizado pelo mordomo Rone. Além dele e do técnico, mais cinco membros da comissão técnica. Médico e fisioterapeutas, por exemplo, não convivem no dia a dia e são terceirizados. Concentração e moradia? Nada de regalias. Duas casas: uma para nove atletas e outra para 17.

Mesmo sem estrutura, o Independente sonha em semana que vem visitar o Morumbi em São Paulo. Para isso, Derley acertou salários, o que motivou os jogadores.

Saiba uma pouco da diferença entre os dois clubes

Salário
O São Paulo gasta cerca de R$ 4 milhões por mês para remunerar todo elenco e comissão técnica. Jadson, Luis Fabiano e Rogério Ceni são os mais bem pagos. O Independente tem folha de R$ 120 mil.

Centro de treinamento
O Tricolor tem dois, sendo um para base, em Cotia, e outro para o profissional, em São Paulo. No da garotada recentemente foi inaugurado um hotel. A concentração acontecer nos dos lugares. Independente aluga duas casas para seus jogadores e onde treina no dia a dia não tem alojamento.

Mando de jogo
O estádio conta com modernas instalações e vestiário em perfeitas condições. No Navegantão a estrutura é precária, com infiltrações nos banheiros, por exemplo. Cada jogador do Tricolor conta com uma foto e cavetas para colocar seus pertences. Os paraenses depositam em cestinhas e caixas.


Vestiário do Navegantão (Foto: Gabriel Saraceni)
Derley Santos, presidente do Independente, em entrevista ao LANCENET!:

LANCENET!: Pagar o salário em dia faz diferença para um clube pequeno?
Derley Santos: O jogador de futebol é um profissional como qualquer outro e tem contas para pagar. Tem de mandar dinheiro para família pagar as contas. Se isso não acontece não tem cabeça para trabalhar. Pagando em dia, como ano passado, foi nossa maior arma para um time do interior vencer. Foi fundamental. Agora, depois de começar mal, acertamos tudo e o time ganhou duas.  

L!: Por que teve problemas?
D.S.: Depois do título fomos jogar a Série D, o que nos deu prejuízo. A CBF não dá bola e não liga, daí acontece isso. Mas agora conseguimos acertar a o dinheiro (R$ 120 mil) da Copa do Brasil vai nos ajudar muito.

L!: Vai ter bicho extra se conseguirem jogar em São Paulo?
D.S.: Com certeza. O que o Luis Fabiano ganha paga seis, sete folhas salariais nossas. Mas as coisas estão niveladas e com incentivo e as últimas vitórias ganhamos moral e estamos com alto-estima elevada.

L!: Foi procurado por novos patrocinadores? E a estrutura do clube?
D.D.: Fomos procurados por empresas de São Paulo, mas temos parceiros desde a Segunda Divisão. Tirar no filé quem nos apoia desde o início não era certo. Tivemos propostas vantajosas, que daria para quitar uma folha salarial. A estrutura vai melhorar. Temos projeto de um CT, que logo será colocado em prática.

Fonte: Lance