Pablo Forlan foi lateral da Seleção Uruguaia.
Forte, raçudo e, muitas vezes, violento.
Teve uma passagem marcante pelo São Paulo.
Travou duelos históricos com o ágil Nei do Palmeiras.
No início da década de 70, os jogadores atuavam fixos.
Principalmente os pontas e os laterais.
Ou seja: em todo Palmeiras e São Paulo havia esse duelo à parte.
Nei guarda até hoje as marcas das travas das chuteiras de Forlán, que era um lateral direito muito bom.
A sua identificação com o São Paulo foi tanta que acabou trabalhando como treinador no Morumbi.
Depois virou empresário de futebol.
E quando seu filho Diego se firmou como jogador e foi ganhar milhões na Europa, nem isso precisou fazer.
Quanto mais Diego Forlán fazia sucesso, mais ele era cobrado pelos dirigentes do São Paulo.
Eles queriam o compromisso que o filho defenderia o mesmo clube brasileiro do pai.
Essa conversa durou anos.
E só não pôde ficar mais séria porque, em 2010, o camisa 10 da seleção uruguaia foi considerado o melhor jogador da Copa da África.
Badalado, valorizado, acabou indo para a Inter de Milão.
Só que se contundiu por lá e não conseguiu repetir o futebol do Mundial.
Na verdade, ele foi engolido pelo furacão que dominou o clube com a saída de José Mourinho.
Encontrou um time envelhecido e com seus principais jogadores já em decadência.
Como o goleiro Julio César e o zagueiro Lúcio.
Foi quando Pablo Forlán entrou em contato com a direção do São Paulo.
Avisou que a saída de Diego seria facilitada pela Inter.
Se o clube mostrasse interesse, enviasse representantes, poderiam convencer os italianos a rescindir o contrato com o jogador.
Foi quando Juvenal Juvêncio disse não.
Ele soube que o uruguaio não abriria mão de ganhar R$ 450 mil.
E que queria um trabalho com patrocinadores pessoais para render pelo menos mais R$ 250 mil.
Juvenal está descrente do seu departamento de marketing.
Pediu auxílio de Roberto Justus e nem assim.
O clube continua sem patrocínio master na camisa.
E também não quis comprar uma briga com Rogério Ceni.
O goleiro recebe cerca de R$ 350 mil no São Paulo.
Assim como Luis Fabiano.
Os dois ganham o teto no Morumbi.
Não quis trazer o uruguaio que poderia receber o dobro da dupla.
O presidente acreditou que seria confusão na certa.
E mandou dizer a Pablo Forlán que o São Paulo não tinha dinheiro para contratar seu filho.
Por mais amor que o ex-jogador possa ter ao clube brasileiro, ele quer o melhor para sua família.
Assim, resolveu ceder ao interesse do Internacional.
O clube gaúcho fez exatamente o que Pablo havia dito à diretoria são-paulina.
E Diego desembarcou em Porto Alegre.
Para ganhar os R$ 450 mil passados a Juvenal.
Muita gente no Morumbi acredita que o presidente errou.
E que Diego poderia ser uma grande estrela internacional.
Capaz até de conseguir atrair o patrocínio que tanto o clube precisa.
Ainda mais agora que vai mergulhar de cabeça na cobertura do Morumbi.
Só que ninguém nunca tem coragem de contestar Juvenal.
Ele continua agindo como dono do São Paulo Futebol Clube.
Por isso a camisa 10 do clube não será vestida por Diego.
Como tanto sonhou Pablo e vários dirigentes do clube paulista...
Fonte: Cosme Rímoli