João Paulo de Jesus Lopes, vice-presidente de futebol do São
Paulo, me ligou para contestar a entrevista em que Marco Aurélio Cunha,
ex-superintendente do clbe, faz críticas à gestão do Centro de Formação
de Atletas de Cotia. “Tenho uma admiração muito grande pelo Marco
Aurélio, sou eleitor dele mas não posso concordar com o que ele falou.
Vou responder item por item”, disse João Paulo.
Abaixo, repeti a entrevista com Marco Aurélio, com as respostas de Joao Paulo de Jesus Lopes em vermelho
O que você achou da contratação do Foguete, que se desvinculou do Vasco por falta de pagamento de salários?
Não conheço o jogador, dizem que é bom. Mas sua contratação é um erro
por dois motivos: deixa o São Paulo mal com outros clubes e por mostrar
que não estamos revelando jogadores. Se o São Paulo contrata um jogador
de 17 anos significa que não está formando jogadores. E não foi apenas
um. Para a Copa São Paulo, vieram mais de dez jogadores. Isso siginfica
que você não tem um time, precisa buscar dez peças. O Tiago, atacante,
já voltou para o Espírito Santo. Quem não revela, compra. Esse é o
problema.
Foguete foi contratado porque já
estava fora do Vasco há 40 dias, se desvinculou por questão de
pagamento. Se não viesse para o São Paulo, iria para outro clube. É
semelhante ao caso do atacante Mosquito, que estava acertado conosco mas
que não veio por conta de um pedido do René Simões, que era o
responsável por Cotia. E o Mosquito não voltou para o Vasco, está no
Atlético-PR. Ele perdeu a oportunidade de estar no são Paulo. Não
fizemos nada de errado, temos muitos procurando o São Paulo por nosso
destaque no futebol nacional: Mosquito, Foguete e outros virão . O
São Paulo é um oásis, um desiderato pela estrutura e visibilidade no
Exterior, uma oportunidade para sua carreira.
Quanto à segunda crítica, ela me
surpreende porque o Marco Aurélio foi nosso funcionário e sabe como as
coisas funcionam. Formação de jogador não é como formação de biscoito ou
de autopeças. Não é automático. Não é indiscriminada em todas as
posições, ninguém rervela um time inteiro, precisa buscar fora. Todos os
times fazem assim. Só vai revelar 100% e montar um time com jogadores
apenas da base se o time não quiser ser campeão. O mercado mostra. Vimos
talento no Foguete talvez mais mais superior aos nossos. Mesmo assim,
somos os maiores formadores do Brasil e temos a pretensão de ser um dos
maiores do mundo.
Trouxemos sim muita gente para a
Copa São Paulo. Foi um grande teste, eram jogadores que estavam sendo
observados e precisávamos saber se ficariam ou não. Uns ficaram e outros
saíram. Além disso, não
podemos esquecer que a proteção de clubes formadores não é a ideal,
apesar de haver melhorado. Há muito assédio em torneios como a Copa São
Paulo e só expomos os jogadores que estão totalmente vinculados a nós.
Por isso, às vezes não colocamos nossos jogadores em campo.
Mas o clube revelou o Rodrigo Caio, João Schimidt, Lucas Faria…. Não está bom?
Lógico que não. Antes de Cotia, o clube revelou Kaká, Júlio Batista,
Jean, Fábio Simplício, Fábio Santos. Agora, precisava revelar muito mais
e não acontece. Para mascarar, vão buscar jogadores em outros times.
Não quero entrar em análise
individual sobre os jogadores citados, há o Kaká, que é uma grande
estrela e outros bons. Mas, ele se esqueceu de falar de Breno, Lucas,
Oscar e outros. Temos ainda Henirique Miranda, Wellington, Denílson e
Ademílson. Posso afirmar que nossa formação é a que tem mais talentos.
Outros clubes tem dois ou três, nos temos no mínimo dez em um certo
período de análise. A busca é contínua, mas não existe renovação 100%.
Qual o grande erro de Cotia?
Olha, descobrir o Neymar, o Lucas, o Kaká é fácil. Qualquer um faz
isso. O difícil é valorizar jogadores que não são gênios, mas que são
importantes. Jogadores de menor relevância que poderm ajudar o clube.
Esses, não recebem apoio da base e nem do clube. Como o São Paulo pode
perder Fábio Santos, Marco Antonio, que está no Grêmio, Jean e outros?
Não concordo que seja fácil
identificar o grande craque. Quanto aos citados, nós entendemos que eles
não atenderam a nossa expectativa. O Marco Aurélio é fã deles, mas não
podemos ser sentimentais. Não dá para ficar mantendo
indefinidamente, devo satistação aos conselheiros e sócios. Não pode
ter sentimentalismo. Entre Junior e Fabio Santos, optamos pelo Junior.
Análies no momento mostraram isso. Estávamos certos.
E o que você faria?
Há necessidade urgente de um time B. Um time que sirva de acolhedouro
de jogadores que saem da base e ainda não estão prontos para o time
titular. Eu faria um time B em outro estado, levaria esses meninos para
jogar e ganhar experiência. Se aprovassem, viriam para o time de cima.
Se não aprovasem, eu faria o São Paulo buscar um destino para ele, iria
gerenciar a carreira deles. Não seria como hoje, com o jogador sendo
dispensado e se entregando a empresários, tendo no currículo o fato de
haver jogado no São Paulo. O mérito é descobrir o bom jogador e saber
utilizá-lo e não ficar dando jogador para empresário.
Ele toca nessa tecla há tempos. Quer
um time em Santa Catarina Teríamos de entrar lá na quarta divisão.
Fizemos experiência com o Toledo, no Paraná, não deu certo, apesar de
temos montado uma estrutura com dirigentes e comissão técnica nossa. Nã
funcionou, é difícil administrar de lonte. Outras experiêncas de outros
times deram errado.
O que você acha da gestão do Geraldo Oliveira, gerente de Cotia?
Você já viu quanto gente boa sai de Cotia e ele fica? Zé Sérgio, Raí,
René Simões, eu mesmo. É o homem do Juvenal e tem muito poder. Por
isso, digo que o maior erro do Juvenal é a gestão de Cotia, que, por
coincidência, é o maior acerto , entre tantos outros, de sua gestão no
clube. Não dá para entender como o Geraldo tem tanta força, mesmo com
resultados tão ruins como nos últimos tempos.
Vamos lembrar que o Geraldo trouxe o
Wellington e o Lucas para o São Paulo. Geraldo tem muito poder? Difícil
discutir. Isso é paixão. Eu convivo e vejo o trabalho do Geraldo com
todas as pessoas que tem contato direto ele não permite intererferência.
É preciso ter cooperação mútua entre a Barra Funda e Cotia e isso o
Geraldo garante. A crítica é mais pessoal do que fundamentada
tecnicamente. Quanto às pessoas citadas, elas não tiveram bons
resultados cuidando da base, nenhuma delas. Raí, Cilinho, ninguém. O
René Simões tinha projeto dele que não era o nosso. O Zé Sérgio não
teve bons resultados e saiu. O Marco é ótimo em relações pessoas, mas
não é um dirigente. O trabalho continuará sendo bem feito em Cotia.
Nossa preferência é formar jogadores e a segunda preferência é ganhar
competições. Estamos no bom caminho.
Blog do Menon
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